Na última quarta-feira (26), mais uma vez a Bolívia sofre uma tentativa de golpe de estado, em 199 anos foram ao menos 194 tentativas. Militares liderados pelo general Juan José Zúñiga e até tanques de guerra foram expulsos pelo povo Boliviano do Palácio Presidencial aos pontapés.
Contexto
No ano de 2019 o Presidente Evo Morales sofria pressão dos militares e em uma tentativa de golpe, renunciou e buscou asilo político na Argentina. Até seu ex-ministro Luiz Arce se eleger democraticamente, Evo Morales se manteu fora das fronteiras de seu país.
Importante causador de estabilidade foi o poderio econômico de lobbys empresariais, como por exemplo, Elon Musk que assumiu financiamento no golpe que derrubou o ex-presidente e falou ao povo para “se acostumar”, pois financiaria outros golpes caso necessitasse. O interesse de Elon e de outros empresários financiadores dessa estabilidade, acredita-se que sejam em sua maioria, riquezas naturais da Bolívia, como gases naturais, minérios e a maior reserva de Lítio no planeta. Minério que é utilizado para fabricação de baterias para carros elétricos e entre outros aparelhos eletrônicos fabricados pelas empresas de Elon.
Dessa vez acredita-se que não seja diferente. O poderio econômico mais uma vez atropela o estado democrático de direito, pelo lucro e exploração dos países de 3° mundo, em parceria com as embaixadas dos Estados Unidos e União Européia, usurpando da consciência social (através de propaganda política) dos próprios cidadãos (militares ou não), que atacam e destroem a própria pátria pela “ideologia” imposta a eles, que conta com o interesse oculto e radical da exploração deliberada e desregulamentada de seus bens mais preciosos por países de primeiro mundo e setores empresariais.
Não é a primeira e nem última vez que esses países e lobbys financiam golpes de estados na América Latina, como no Chile em 1973, na Argentina em 1976 e no Brasil em 1964, Paraguai, Equador e muitos outros. Há uma articulação das forças políticas desde os primórdios e principalmente nos períodos de Guerra Fria, onde a ameaça do “Socialismo Soviético” era a desculpa para a implosão de democracias no Hemisfério Sul. Você pode se aprofundar ao ler o artigo “A política externa dos EUA, os golpes no Brasil, no Chile e na Argentina e os direitos humanos” de Mariana Joffily, professora da Universidade do Estado de Santa Catarina, clicando aqui.
Nunca haverá algum tipo de retratação pelas partes dos estados que influenciam diretamente nas democracias latinas e tão pouco, cessará a sanha pelo poder e exploração do Sul Global.
O que nos resta é aprender a história, e nos negarmos a revive-la.
Veja imagens chocantes do confronto do povo, expulsando a ala militar golpista que invadiu o Palacio Quemado, em La Paz:
🇧🇴🚨 FRACASSA O GOLPE NA BOLÍVIA
Povo boliviano e movimentos sociais superam os números de militares na Praça Murillo e expulsam soldados do local pic.twitter.com/qkPU0Mmr1C
— Camarote da República (@camarotedacpi) June 26, 2024
🚨AGORA: A população expulsou militares que pretendiam dar um golpe de estado na Bolívia. pic.twitter.com/RZmr9IKsjG
— CHOQUEI (@choquei) June 26, 2024