A Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um alerta preocupante sobre a poluição sonora urbana, classificando-a como uma “ameaça global à saúde pública”. Segundo a ONU, essa forma de poluição já provoca 12 mil mortes prematuras por ano na União Europeia e afeta aproximadamente 100 milhões de americanos.
Impactos na Saúde
O ruído ambiente, especialmente o barulho do trânsito e das aeronaves, é considerado um dos fatores ambientais mais prejudiciais à saúde, ficando atrás apenas da poluição atmosférica. Estudos revelam que a exposição contínua a esses ruídos pode:
– Aumentar o estresse crônico
– Causar distúrbios do sono
– Elevar a pressão arterial
Além disso, o barulho constante tem sido associado a problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, e a um maior risco de diabetes. Sons altos provenientes de fones de ouvido, motocicletas e cortadores de grama podem, com o tempo, causar perda auditiva e zumbido (tinnitus).
Impacto nas Crianças
A poluição sonora também afeta gravemente o desenvolvimento de bebês e crianças, especialmente aquelas de origens socioeconomicamente desfavorecidas, que estão expostas a níveis mais elevados de ruído ambiente. Um estudo de 2022 em Barcelona mostrou que o barulho do trânsito prejudicou a memória de trabalho e a capacidade de atenção de crianças do ensino fundamental, habilidades essenciais para a aprendizagem.
Detalhes do Estudo em Barcelona
O estudo avaliou 2,7 mil crianças, com idades entre sete e 10 anos, em 38 escolas de Barcelona, quatro vezes por ano. Os pesquisadores mediram o ruído externo em pontos específicos de cada sala de aula e repetiram o processo seis meses depois para determinar o nível médio de poluição sonora. Ao longo de um ano, testes cognitivos online foram realizados a cada três meses para avaliar a memória de curto prazo e a atenção das crianças.
Os resultados mostraram que flutuações repentinas de ruído, como buzinas ou aceleração de motores, eram mais propensas a distrair as crianças e fazer com que perdessem informações importantes, mesmo se tratando de um nível de ruído inferior à média.
Maria Foraster, principal autora do estudo e pesquisadora de epidemiologia, destacou que os pesquisadores decidiram se concentrar nas flutuações do ruído, uma vez que não existem diretrizes internacionais em vigor para medir isso.
Medidas de Combate à Poluição Sonora
De Buenos Aires a Barcelona, várias cidades começaram a introduzir medidas para combater a poluição sonora, proteger a saúde das crianças e priorizar os pedestres. Entre as ações estão:
– Ampliação de espaços verdes nos centros urbanos
– Redução dos limites de velocidade
– Introdução de medidores de som
Nos EUA e na União Europeia, o tráfego rodoviário, ferroviário e aéreo são as principais fontes de poluição sonora. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda menos de 35 decibéis de ruído nas salas de aula para garantir boas condições de ensino e aprendizagem.
A poluição sonora urbana é uma questão de saúde pública que exige atenção e ação imediata. Medidas para reduzir o ruído ambiente podem melhorar significativamente a qualidade de vida e a saúde mental das populações urbanas, especialmente das crianças em fase de desenvolvimento.